30 de outubro de 2015

Curso de Cultura e Mitologia Yorubá do Colégio Pedro II chega à Minas Gerais

O I Curso de Cultura e Mitologia Yorubá, ministrado pelo professor Arthur Baptista - representante do campus Centro no NEAB/CPII, virou minicurso no "IV Pensando Áfricas e Suas Diásporas", evento ocorrido entre os dias 28 e 31/10/2015, em Mariana/MG.

Sob o título "Cultura e mitologia yorubá na sala de aula: uma proposta introdutória", o minicurso coordenado pela pedagoga Alessandra Pio se apresentou da seguinte forma:

 Resumo:


O “I Curso de Cultura e Mitologia Yorubá do Colégio Pedro II” foi uma proposta de extensão do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neabcp2) pensada para alunos do Ensino Médio e PROEJA em um de seus quinze campi, no Rio de Janeiro. O curso teve como objetivo a ampliação dos conteúdos escolares para adequação às recomendações das diretrizes curriculares que implementam a lei 10.639, no que se refere ao conhecimento e a valorização de saberes tradicionais herdados da cultura de matriz africana trazida para o Brasil ao longo dos vários séculos de formação. Na visão da lei, tais saberes foram legados como herança patrimonial imaterial de todos os brasileiros, descendentes de africanos ou não. Neste sentido, o curso introduziu os alunos no universo cultural dos povos Yorubá resgatando tal herança por meio do estudo de sua mitologia, seu sentido de existência, seus valores civilizacionais, seus princípios de ordenamento de mundo através de suas narrativas míticas de origem e da compreensão do universo, tais como transmitidas por esses povos via tradição oral. Foi justificado pela necessidade de implementação de ações educativas de combate ao racismo e à discriminação por meio da valorização dos saberes tradicionais africanos materializados na cosmovisão Yorubá. Neste minicurso pretendemos mostrar como foi possível assumir essa proposta em uma instituição federal de ensino considerada de elite, com currículo formal eurocentrado que possibilitou, desde seus primórdios, cursos como o de mitologia greco-romana, em detrimento de outras culturas. Iremos apresentar: a proposta do curso aplicado na escola; trajetória do planejamento ao início das aulas; o perfil dos inscritos; metodologia aplicada; possibilidades de desdobramentos e observações para que obtenhamos melhor aproveitamento em outras oportunidades. Partindo da interação entre os propositores e inscritos, pretendemos encorajar mais educadores a superar os obstáculos interpostos pelo sistema na inserção da cultura afro-brasileira e africana no ambiente escolar.

O público inscrito ultrapassou 20 pessoas, que se manifestaram positivamente sobre a necessidade da valorização da cultura negra para criar vínculos identitários entre discentes e escolas. 

Algumas imagens:

A pedagoga Alessandra Pio participou elencando todas as atividades de elaboração do curso, para que esse conhecimento possa ser multiplicado em outros ambientes de conhecimento.

Muitos dos presentes ficaram surpresos com os gráficos apresentados, os dados sobre faixa etária, etnia e religião dos alunos e alunas do curso do Colégio Pedro II.

O professor Arthur Baptista discorreu sobre todo o conteúdo do curso ministrado aos  alunos e alunas do Colégio, mas também atuou como fotógrafo!

Mais que interessados e interessadas!

Algumas alunas, incluindo a ex-professora de Sociologia do Colégio Pedro II.




28 de outubro de 2015

Membro do NEAB coordena GT na UFOP/MG sobre Racismo Estético e Educação


Ocorreu entre os dias 28 e 31/10/2015 o "IV Pensando Áfricas e Suas Diásporas", sediado pela Universidade Federal de Ouro Preto, no campus Mariana, em Minas Gerais.

Alessandra Pio, que atualmente coordena o Neabcp2, e Fabiana Lima, que representou o campus Engenho Novo até junho deste ano - quando foi aprovada em concurso para lecionar na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) - propuseram o seguinte trabalho:



RACISMO ESTÉTICO E EDUCAÇÃO: DA IDENTIDADE DO PROFESSOR E DA PROFESSORA NEGRA ÀS IDENTIDADES RACIAIS E DE GÊNERO DO/AS EDUCANDO/AS

Resumo:

A partir da nossa participação no Grupo de Estudos e Pesquisas Intelectuais Negras e do diálogo teórico em torno de como o racismo à brasileira dá forma a práticas educativas excludentes, conforme os estudos de Nilma Lino Gomes (1995), Eliane Cavallero (2003), Sueli Carneiro (2005), Kabengele Munanga (2004), Antonio Sérgio Guimarães (1999), este GT objetiva levantar discussões teórico-metodológicas acerca da corporalidade dos sujeitos envolvidos nas dinâmicas educativas, através de processos que envolvem tanto as identidades raciais de professoras e professores negros quanto o processo de construção de identidades raciais e de gênero dos educandos. Na medida em que a diáspora africana no Brasil se construiu em meio a um ideal de branqueamento, que acabou por criar uma espécie de racismo profundamente calcado em características fenotípicas, sobretudo a partir da inferiorização das tonalidades escuras de pele, do cabelo crespo ou carapinha e de outras características físicas consideradas passíveis de serem classificadas, impõe-se a necessidade de um GT destinado a dar centralidade ao corpo negro e ao racismo estético em espaços educativos. Compreendemos, com Cuche (1999), que a cultura é resultado de vivências concretas de visibilidades  na forma de conceber o mundo e que, se percebemos que isso é construído, podemos interferir nesse processo, mudando os resultados. Como, infelizmente, na educação brasileira, o processo de subalternização do corpo da população negra implica também dúvidas acerca do valor das negras e negros enquanto sujeitos cognoscentes e produtores de conhecimento, o/as participantes deste GT trocarão trabalhos acadêmicos, ideias, propostas e projetos educacionais tanto acerca do racismo e de práticas discriminatórias que perpassam a educação e espaços formais e informais quanto dos processos de humanização e construção de identidades raciais e de gênero do/as educadores e educando/as.

Foram diversos trabalhos inscritos, versando sobre a situação da criança negra na creche, no primeiro segmento do ensino fundamental, mas também das professoras e professores negros em construção identitária e pertencimento.

A chamada para o GT também foi veiculada pelas redes sociais:


A apresentação da proposta com chamado para inscrição de trabalhos, seguida de resumo do currículo das professoras proponentes do GT7 no "IV Pensando Áfricas e Suas Diásporas" 



Os resumos inscritos neste GT podem ser lidos na página do evento, e em breve o livro com os textos completos será disponibilizado.

As coordenadoras agradeceram, emocionadas, pela participação de pessoas que tanto contribuíram com suas práticas e com a de ouvintes que também acompanharam os trabalhos do grupo. Algumas imagens:

Todo o trabalho foi pautado de forma a contemplar todas as falas, houve vários momentos de relatos de experiência, partindo das apresentações.

Fabiana Lima e Alessandra Pio, coordenadoras do GT, em roda de conversa após as apresentações do primeiro grupo.


Todos e todas muito atentos e atentas, todos os trabalhos somaram muito às experiências de cada um de nós.


Parte do grupo que conseguiu ficar até o final: sentiremos saudades!